“Ondas gigantes no surf, como na vida”
A Nazaré tem para mim um valor incalculável. É a minha praia, o local de veraneio onde me sinto literalmente em casa. Aprendi na Nazaré a respeitar o mar, a nunca lhe virar as costas, a perceber que é ele que manda, e não nós. Aprendi que tudo o que o mar leva, o mar traz e vi-o algumas vezes trazer a sua espuma até à esplanada em determinadas marés de Agosto. Fiquei muitas vezes embrulhada na rebentação das ondas e muitas vezes com a cabeça literalmente cheia de areia. A última vez nem foi assim há muito tempo!
Por tudo isto, quando vejo os “loucos” a surfar naquelas ondas da Praia do Norte, não consigo sentir mais nada do que medo e muito respeito. Por eles e pelo mar.
A minha semana está a ser um pouco como essas marés vivas de Agosto. Um turbilhão. Estou cansada e com a sensação de andar numa máquina de lavar no programa da centrifugação. Estava a ler um livro interessante mas denso. Exigente de ser lido com muita concentração. Coisa que eu não conseguia dedicar-lhe. Troquei-o. Hoje de manhã peguei no livro da Laurinda Alves “Nunca estamos sós” para me fazer companhia no autocarro.
O livro está dividido em 10 palavras-chave que, segundo a autora “são um mote para nos fazer pensar e agir, mas também um guia de leitura através de valores, afetos e exemplos positivos”. São um conjunto de textos publicados inicialmente no Observador e que aqui estão agrupados para nos simplificar a vida.
Através da análise que a Laurinda Alves faz a uma entrevista com o João de Macedo, surfista português que anda no campeonato mundial Ondas Gigantes, conseguimos transpor um pouco dessa loucura das ondas para o turbilhão em que nos sentimos de vez em quando. E nas linhas e entrelinhas estão algumas dicas para conseguir ultrapassar a zona da rebentação com a menor quantidade de areia na cabeça possível. Hoje precisava de ler sobre superação e este foi o primeiro texto que li. Deixo-vos três passagens e sugiro que vão ler o resto, no livro ou em “Ondas gigantes no surf, como na vida”
Muitos também atravessam realidades adversas em ‘apneia’ ou a sentirem-se abalroados por ondas tsunâmicas.
A vida encarrega-se de provocar as suas tormentas e, fatalmente, todos passamos por elas. Há quem diga que o ideal para gerir medos e evitar pânicos que paralisam e podem afogar é identificar um “board of advisors” pessoal, um círculo de pessoas a quem possamos recorrer com facilidade em momentos-chave.
Os medos, as ânsias, as angústias e os pesadelos não passam se estivermos sempre sozinhos. Muito pelo contrário, adensam-se e tomam proporções desmedidas. Mais assustadoras que a onda mais alta, diria eu.