É estranho que nada disto abra um telejornal, mas os terroristas invadiram as praias. Habitualmente, não actuam através de células. Não dispõem de apoio logístico. Agem de forma solitária. E movimentam-se com tamanho à-vontade que se torna impossível detectar movimentos suspeitos que eles protagonizem e que nos permita antecipar um novo ataque, por exemplo. Tudo leva a crer, nenhum deles consta nas listas de "mais procurados", referenciados pelos serviços secretos. E, de forma surpreendente, são de baixa estatura, actuam como se fossem banhistas e, nos casos mais desconcertantes, fazem-se acompanhar duma bola de Berlim. Seja como for, pela forma como os pais, ou algum dos seus familiares, lhe chama tão prontamente "terrorista", haverá neles características que os tornam, aos olhos de quem os conhece, facilmente identificáveis.
Estes pequenos "terroristas" não pertencem a uma associação criminosa. Nem são uma ameaça a pessoas e bens. Ou à própria segurança nacional. Não exigem medidas de excepção nem grupos de operações especiais. E, regra geral, alguns deles, são nossos filhos!
Quando muito, "terrorista" está associado a um estar, todo ele muito amigo do bicho-carpinteiro, que implica saltar ondas. Fazer castelos de areia. Tomar banho até ficar engelhado de frio. Ficar-se muito próximo dum "croquete". Parecer que não se pára de comer. Jogar à bola, procurar umas raquetes e saltar, saltar, saltar. Fazer várias rondas perguntando a cada um dos familiares: "Queres brincar comigo?". E viver com uma excitação fora do vulgar uma situação toda ela fora do vulgar como aquela que representa ter a mãe e o pai juntos, disponíveis para brincar. E mais uns quantos familiares que, habitualmente, se vêem, ao longo do ano, unicamente, por videochamada.
Por mais que não pareça, "terrorista" acaba por ser uma forma terna dos pais dizerem que uma criança cansa só de a verem movida por um entusiasmo infatigável. Sobretudo, quando querem "trabalhar para o bronze" ou anseiam por se deliciar com uma leitura, sem “ondas”. Ou desejam muito estar centrados nos seus pensamentos. Ou, simplesmente, estar ao sol, quietos e calados. Por 5 minutos! Vendo por aqui, é claro que os pais sentem que o seu descanso é "sabotado" a cada minuto que passa. E aqueles furacões de 3, de 4 ou de 5 anos "aterrorizam" quaisquer férias a pensar no descanso.