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Edição Limitada

“Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito”. Clarice Lispector

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“Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito”. Clarice Lispector

Os meus vizinhos

via

 

Cada um terá a sua forma de aprendizagem e fontes de conhecimento, mas muitos teremos tido a sorte de aprender muito do que sabemos com os nossos vizinhos. Eu sou uma dessas sortudas!

 

Cresci numa rua que tinha tudo! Tinha sobretudo um passeio enorme que acompanhava 5 prédios no comprimento e quase que o equivalente à sua sombra na largura. Era um mundo! A minha rua era, sem dúvida, muito melhor que a vossa. Tenho a certeza!

 

Éramos aquilo a que hoje alguns chamariam um gang. Íamos juntos para a escola, apesar de sermos de idades diferentes. Também sabíamos que se algum tivesse um problema, haveria de certeza um vizinho para ajudar.

 

Era no Verão que mais convivíamos, o que é natural. Férias grandes, dias longos… era caso para dizer que andávamos na rua de manhã à noite. No meu prédio tínhamos um código: o primeiro a estar despachado do almoço ou do jantar, assobiava nas escadas e assim os outros sabiam que já podiam sair. Encontrávamo-nos no prédio da Anita. O prédio da Anita era o do meio e tinha dois degraus. Ponto de encontro perfeito. Sentávamo-nos lá e passávamos horas à conversa, qual comadres. Também era na porta ao lado dessas escadas que ficava a peixaria de onde muitas vezes vinham os gelados à noite. O Senhor da peixaria era o máximo! O oposto da sua mulher. Quem também era nosso amigo era o Senhor Silva que tinha um restaurante no meu prédio e o armazém no prédio oposto. Sempre que o Senhor Silva ia ao armazém lá íamos nós ajudar na esperança de uma pastilha no final do trabalho feito.

 

Mas fazíamos muito mais que isto. Jogávamos às escondidas, ao berlinde e às caricas. Horas a fio de Monopólio que deixavam o Tó louco (quando perdia), fazíamos casas de Barbie e suas amigas (quase nenhuma delas Barbie) entre os patamares do prédio da Anita (eu, ela e a Rita) e com isso deixávamos louca a Dona Graciosa que detestava ter o estaminé montado nas escadas, o dia inteiro, todos os Santos dias das férias grandes. Outro vizinho que ficava louco era o pai do João. Tinha o azar de ter a casa dele mesmo por cima da melhor parede para fazer a baliza. E dois canos, mesmo ao lado dessa parede, eram o local onde contávamos quando jogávamos às escondidas e fazíamos aquilo a que hoje se chamaria bulling… O Gonçalo era sempre, ou quase sempre, o último a contar. E nós íamos esconder-nos. Em casa… Gonçalo, se estiveres a ler isto… desculpa!

 

Aprendi a andar de bicicleta agarrada às paredes dos prédios, numa bicicleta vermelha da Betinha. Quando apareceram, os vidrões, claro que houve um na minha rua! Passámos horas a tentar subir para cima dele. Era enorme! Assim como as nossas campainhas eram altíssimas. Eram tão altas que tínhamos de nos empoleirar no lancil da porta para lhes tocar. Jogávamos futebol humano e aos polícias e ladrões. E foi com os meus vizinhos que comecei a sair à noite. Tínhamos autorização para ir à Praça e estar na rua às 22h. Antes dessa idade não tínhamos hora, os pais iam à janela e começavam a chamar, um a um.

 

Éramos muitos, muito diferentes e ao mesmo tempo todos iguais. Aprendemos muito na Escola, nos livros, com a família, mas há coisas que só aprendemos com os amigos. E quando eles são nossos vizinhos, aprendemos muito mais!

 

P.S.: faltam aqui muitos nomes, não me esqueci deles, só não deu para incluir todos.

 

 

Foi sem mais nem menos

 

Sempre que oiço esta música lembro-me de duas coisas: do FIAT 127 de um dos meus chefes dos Escuteiros e das Roadtrips com a minha amiga por esse país fora!

 

Era branco, e eu nem gosto de carros brancos, e pequenino! E nós éramos muitos, mas não tão pequeninos quanto isso. Andávamos sempre juntos, um grupo grande e bem divertido, como praticamente todos os grupos de amigos dessas idades. Íamos para todo o lado, quer em atividades de Escuteiros, quer na qualidade de amigos que éramos. Numa dessas atividades aconteceu esta “cena” da qual me lembro SEMPRE que oiço esta música. Fará muito mais sentido para quem conhecer estes carros, mas para quem não se lembra… pensem nos FIAT 500 da atualidade. É quase a mesma coisa! Nesse dia éramos 7, condutor excluído, dentro daquele carro branco, tão pequenino mas que nos fazia tão felizes. O que nós nos rimos! Parecia que estávamos a participar no concurso para ver quantas pessoas cabem num Mini!

 

A outra lembrança é a das roadtrips. Que saudades! Para saberem mais sobre elas sugiro que leiam o que escrevi há uns tempos... é mesmo verdade que nunca viajámos num descapotável, mas também não era preciso!

 

 

 

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