Uma pessoa anda a passar por um período “desafiante”. Vem no autocarro a ouvir um podcast para ver se se distrai e se a viagem fica menos penosa. Começa a ouvir um episódio sobre livros, outros sobre filmes e… nada... Até que aparece um que pergunta: Conhece as músicas de desenhos animados clássicos? Como se costuma dizer… fala-me a cantar!!!
Começa a ouvir e, embora sejam demasiado rápidos a adivinhar, não faz mal, começa a sorrir! Melhor! Começa a responder aos locutores! Como se estivesse também ela no estúdio a participar no jogo! “Verdes? Cabelos verdes?” E aquela música inconfundível!? E os primeiros acordes daquele outro? A senhora que vai à sua frente, e que viveu a infância num tempo em que não havia desenhos animados, olha para a pessoa e deve pensar “olha-me esta a falar sozinha!”. Mas isso não importa nada! O que importa é que o dia ficou melhor! Muito melhor!
Nem todos entenderão… mas muitos vão entender! E quase que aposto que também não vão resistir a responder. Estejam no autocarro, no trabalho, no meio da rua ou em casa a fazer o jantar!
Há muitos anos dava uma série na RTP2 que se baseava numa teoria interessante. Toda a história e enredo tinha por base a ideia de que todos estamos ligados uns aos outros até 6 graus. Ou seja, eu conheço este, que conhece aquele, que é amigo do outro, e por aí adiante, até 6 níveis de conhecimento. 6 graus! E funciona! Ou, pelo menos, nas minhas tentativas, funcionou. Seja como for, recomendo o exercício! (e agora é quando uma das minhas amigas vai dizer “lá está ela com os exercícios!”)
O que quero partilhar hoje convosco está relacionado, lá está, com exercícios, com interligações, teorias dos 6 graus, coincidências... podem escolher!
Hoje partilho convosco um podcast que ouvi durante as férias de Verão. Já tinha ouvido, em tempos, e na altura não me cativou. Voltei a ouvir agora e… adorei! Parece que cada coisa tem o seu momento não é?
O podcast chama-se Gabinete de Curiosidades e é um projeto da Nuria Pérez a quem apaixonam as ideias: lê-las, contá-las ou escrevê-las. Ela consegue fazer uma coisa que eu acho espantosa! Pega num tema, numa ideia ou num objeto e vai contando histórias que parecem que nada têm que ver umas com as outras. Até que têm!
Num outro podcast acabei de ouvir uma frase que se adequa perfeitamente à ideia que tenho da Nuria Pérez: “é fácil ser vanguardista mas é sumamente difícil contar bem uma história simples” – Bárbara Loden.
O episódio que vos deixo é o último da temporada 4 e para mim o mais marcante. Por vários motivos. Ainda não ouvi todos mas… todos têm um twist que me deixa curiosa por continuar a ouvir. E como diz o mote do podcast, “Se perdemos a curiosidade… o que é que nos resta?”.
Espero que gostem! Se ouvirem, depois contem-me o que acharam!
Dei comigo a pensar nisto no outro dia: sou uma pessoa privilegiada!
Este “novo normal” fez com que alguns dos meus hábitos tivessem que ser alterados. Os meus, e os de todos, mas cada um falará por si.
Uma das coisas que mudou na minha vida foi a forma como me desloco na cidade. Quando deixei de circular apenas na zona onde vivo e passei a ter de ir para uma zona mais central da cidade, decidi ir a pé. Não são as caminhadas que fazia ao final do dia, nem dá para correr caso apeteça. O que é raro… apetecer-me correr, mas às vezes acontece.
Comecei a ir trabalhar a pé. Faço 5 kms para um lado e 5kms para o outro. Não acontece todos os dias, mas acontece muito frequentemente. Os caminhos que faço são praticamente sempre os mesmos, com uma ou outra alteração, mas nada de muito diferente.
Um dos motivos pelos quais sou uma pessoa privilegiada é o poder passar por um dos espaços mais bonitos da cidade: o jardim da Gulbenkian. Todos os dias passo por ele, escolho um dos percursos que me leva ao outro lado, vejo os patos e patinhos, as árvores, os riachos, as flores, respiro fundo e agradeço! Até já sei onde o gato residente dorme a sua sesta ao final do dia. Só falta sermos apresentados.
De manhã a natureza está a cuidar de si própria. Ao final do dia, estão famílias, amigos ou pessoas sozinhas a aproveitar o verde e a respirar fundo. Na semana passada, pude assistir a um pequeno ensaio para um concerto que ali ia acontecer. Tudo com as devidas distâncias. Hoje vi os patos a apanhar sol. Também eles com as devidas distâncias. Nada disto eu teria visto se continuasse a andar de transportes públicos.
Chego ao final da semana muito cansada e quando acordo… as pernas também acordam cansadas. Mas depois, penso na possibilidade que tenho de me deslocar na cidade a pé, de poder ver tudo o que vejo e experienciar tudo o que experiencio. E isso é um privilégio.
No fim de semana ouvi o episódio do The Gratitude Diaries – Feel better about your body onde a autora partilha uma história breve e onde fala de um pequeno mantra muito curioso sobre a gratidão e os dias em que a coisas não correm como queremos: “tenho dois braços, duas pernas, olhos que conseguem ver, tudo razões para estar grato”. Eu acordo cansada, mas tenho pernas para fazer o caminho e olhos para ver aquilo com que me cruzo. Tudo razões para estar grata!
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