Sabem aquele momento em que, no meio de uma multidão, vemos uma cara conhecida? Ou quando estamos tristes e nos aparece um amigo pela frente? Ou ainda quando estamos numa situação (para nós) delicada e vemos um dos nossos familiares? Nesses momentos fazemos aquilo que uma das minhas amigas apelidou como “o ar de cheguei a casa!”.
Já por várias vezes me cruzei com vídeos em que mostravam crianças, adultos e até animais a viver um desses momentos. Um miúdo a sair da escola e ver o avô, irmãos que não se viam há muito tempo e são surpreendidos pela chegada do outro, um cão que salta ao pressentir a chegada do seu melhor amigo.
Nunca tinha pensado nesse momento como algo que já me tivesse acontecido. É um bocadinho daquelas coisas que parecem só acontecer aos outros. Até que chegou o momento em que eu pensei: “Espera! Pensa lá em situações em que estavas com nervoso miudinho ou em que estavas a pôr-te à prova e relembra-te como foi!”.
Já aqui falei de alguns desafios aos quais me expus como forma de “esticar os elásticos”. Já fui correr sem estar fisicamente devidamente preparada, já fui nadar no rio e no mar, já apresentei um prémio num auditório, já fui moderadora num webinar (e acreditem que embora tudo isto pareça fácil… para mim foi tão desafiante como saltar de um avião – que também já fiz, um dia destes conto como foi). E foi nestas coisas que pensei quando decidi fazer esse exercício.
Lembrei-me de como foi quando cheguei à praia depois de nadar os 1500m e vi os cartazes com o meu nome, e de como depois disso perguntei onde estava a minha família. Lembrei-me de como me senti quando na primeira corrida que fiz vi uma amiga com os seus filhos e eles disseram o meu nome e bateram palmas. E também de quando, noutra corrida, a minha irmã me entregou um merecido pampilho e disse que tinha feito uma grande prestação. Lembrei-me da mensagem que uma amiga me enviou, no tal webinar, a dar os parabéns e a dizer que não sabia porque é que eu tinha medo.
Em todas as situações a sensação é muito boa. É aquela de ficar com o coração quentinho. Lá está, é, como disse a minha amiga, como chegar a casa! Aliás, é como chegar a casa depois de uns dias fora e ter sopa de chocolate à nossa espera.
Um dia destes presenciei uma dessas situações. Uma criança estava a cumprir um desafio ao qual se tinha proposto. Grande (o desafio)! Estava muito concentrada, a fazer o que tinha de fazer, a desempenhar o seu papel, com a seriedade adequada ao momento, até que viu a família! E aí… aí… toda ela sorriu! Sorriu e espontaneamente deu um grande adeus à família. Sabem quando não era suposto fazermos “aquilo” mas é mais forte que nós? Pois foi mesmo isso que ela fez. E fez muito bem! Foi como se tivesse estado uns dias fora e acabasse de chegar a casa!
Supostamente* ontem foi o dia mais triste do ano. Como disse a uma das minhas amigas, se assim é… agora só pode melhorar!
Para mim não foi o dia mais triste do ano. Escrevi no blog, o sol brilhou durante o dia, ouvi uma playlist nova e esses 3 elementos, em separado ou no seu conjunto, fizeram com que o meu dia fosse bom. Curiosamente, ontem também senti que os dias estão maiores. Pode ter sido apenas uma impressão mas foi uma sensação boa.
À noite quando escrevi no meu caderninho tinha vários temas. Uma frase para cada um. Porque era tarde, e estava cheia de sono, mas queria deixar o registo do dia. Agora que me lembro… não referi a efeméride de, supostamente, ontem ser o dia mais triste do ano.
Como vi no Instagram, o dia mais triste do ano sou eu que escolho. E o mais alegre também! Como sempre. Escolhas. Opções. E a vida é feita disso mesmo, de opções. E também de dias. Muitos dias!
Algures entre o final do ano passado e início deste, já não sei onde, cruzei-me com uma ideia que decidi adotar: registar as 100 coisas que fizeram o meu ano de 2022. Ainda não consegui concluir (porque requer algum trabalho de pesquisa) mas já decidi que vou fazer essa mesma lista, desta vez, ao longo do ano para que as coisas não caiam no esquecimento. Se chegar às 100 (que acho que sim) ótimo! Se não chegar… ótimo também!
A ideia veio do senhor Austin Kleon que já faz este exercício há algum tempo. A lista de 2022, e as outras, estão disponíveis para podermos consultar, não só porque o senhor optou por partilhá-las connosco, mas também para nos mostrar que é possível fazer este exercício. Mesmo que 100 seja um número um bocadinho “assustador”.
A playlist de que vos falei é do Luís Filipe Borges na TSF e ele também me incentivou a ir registando aquelas músicas que fazem parte dos meus dias, que oiço vezes sem conta, que marcam momentos especiais ou específicos. Aquelas que, supostamente, irão aparecer no final do ano como “as músicas que mais ouvi em 2023”.
*O ano passado conheci a M., uma brasileira a estudar em Portugal, que me disse que acha que “supostamente” é a palavra mais portuguesa que há – aplica-se a tudo e em todas as circunstâncias. E, tal como aconteceu quando uma alemã me disse que nós usamos ovos em praticamente tudo, comecei a perceber que ela tinha razão. E agora também vocês vão começar a reparar nesses dois “pormenores”.
Já não sei quando foi que ouvi um podcast com o Ivo Canelas e pensei: “tenho de ir ver isto!”. Entre o esgotado e o fora de cena… passou o tempo. Um dia, algures na galáxia da internet, vi o anúncio de novas datas e fiz aquilo que uma amiga me ensinou a fazer: comprei dois bilhetes. A companhia depois logo se via.
Quando um amigo nos recomenda algo essa “coisa” valoriza. Quando vários amigos a recomendam, ela valoriza muito mais! Ontem, com um misto de receio e expectativas altas… chegou a minha vez. Fui ver! E recomendo!
Gelados (eu diria antes: sorvete de caramelo salgado na Pinóquio, em Lagos).
“Todas as coisas maravilhosas” é, por si só, uma coisa maravilhosa. Fala de dois temas difíceis e dolorosos, e de momentos altos e baixos por onde todos passamos.
O estalido das folhas no outono quando as pisamos pela primeira vez
Durante duas horas (acho… não tinha relógio e os telefones estão desligados) estamos ali, todos ao mesmo nível, sem adereços e sem jogos de luzes mas com muito som – e bom!
Ouvimos e passamos pela biografia de um miúdo de 7 anos até à sua vida adulta. E também, inevitavelmente, vamos passando um pouco pela nossa.
Ver o sol nascer e ver o sol pôr-se.
Nem todos passamos diretamente pelos temas que ele aborda mas muitos conhecemos quem passe. Depressão e suicídio. E daí a sensibilidade do assunto. E daí que no final se fique com a sensação de “caramba, isto foi muito bom!”.
O primeiro mergulho do ano no mar.
O que se passa naquelas 2h00 é único e individual, porque nem todos ouvimos o mesmo ao som da mesma música, mas arrisco a dizer que dificilmente encontrarão alguém a dizer mal do que ali presenciaram.
O cheiro de um bolo acabado de fazer
Por falar em música: a banda sonora! Boa! Nos primeiros acordes de uma das primeiras músicas, acho mesmo que na primeira, vieram-me as lágrimas aos olhos. Aliás, fui alternando entre deixar cair uma lágrima e rir, mas com um sorriso constante na cara.
Rir até às lágrimas
Churros com chocolate quente
Este registo está com um formato um bocadinho estranho. Intercalar pontos de uma lista com a descrição da interpretação de um monólogo é uma coisa no mínimo estranha mas foi assim que o meu cérebro começou a trabalhar hoje de manhã, ao acordar.
Acordar segundos antes do despertador tocar.
Comecei a pensar e a processar o que tinha visto e vivido ontem, em como podia contar como foi e a melhor forma de o recomendar aos meus amigos, e as coisas iam saltando no meio dos pensamentos.
Dar festas na barriga de um gato.
A sensação que sentimos na fração de segundos em que superamos aquilo que para nós é um mega desafio.
O sorriso na cara quando temos um AHA moment!
É um bocadinho estranho. É. Mas as coisas maravilhosas também estão assim, misturadas no meio dos nossos dias.
Ver corações em lugares e coisas inusitadas.
Quando os teus amigos começam a ver corações e te enviam fotos.
Aquela música que parece que foi escrita para ti.
E agora sem mais interrupções: se puderem vão ver! Enquanto isso não acontecer, comecem a prestar atenção à vossa volta e a todas as coisas maravilhosas (não necessariamente materiais) que estão presentes nos nossos dias e que, por isso, os fazem valer a pena!
Quando virem digam-me se gostaram e se já viram digam se concordam com o que acabei de dizer.
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