Tudo o que eu não tenho feito
Há tanta coisa que eu não tenho feito nestes 60 dias... aquilo que a maioria das pessoas fez nas primeiras semanas desde que fomos "convidados" a vir para casa... passado 60 dias eu ainda não fiz! De algumas tenho pena, de outras...
Conversava ontem com uma amiga sobre isso mesmo, sobre tudo o que vimos pessoas fazer neste período de tempo enquanto que nós... fomos fazendo. Mas isso não é necessariamente mau.
Muitas vezes o melhor mesmo é parar, aceitar e aproveitar. Quando conseguimos avançar com os nossos projetos, sejam eles quais forem, avançamos, quando precisamos de ir vivendo, vamos.
Foi um pouco isso que senti no início: horas e mais horas de atividades e conteúdos imperdíveis, diretos cheios de informações interessantes, receitas para fazer, "jantares" virtuais, treinos online, etc. Houve um dias em que pela primeira vez acho que soube verdadeimente o que significa o tal "FOMO" - Fear Of Missing Out. Parecia que tudo me estava a escapar entre os dedos e eu fechada em casa. Como era possível?!
Até que decidi parar, respirar e não pirar. Pensei naquilo que eu gosto e não gosto de fazer, naquilo que me faz sentir tranquila, alegre e preenchida. Dessas coisas, quais eram as que eu podia, conseguia e queria fazer em casa? Foi isso que me fez acalmar e tomar decisões.
Tenho amigas que se juntam e praticam exercício em conjunto. Eu apoio-as, mas nunca participei... e elas nunca desistiram de me incentivar. Mas, sempre senti que não era uma coisa que me fosse animar e divertir. Seria mais uma obrigação, mais uma coisa que eu "tinha" que fazer em vez de "querer" fazer.
A minha irmã também me incentivou a fazer pão. Ela, que faz uns pães super bonitos e com um ar muito apetitoso, enviou receitas, truques e dicas. Eu, aprendi que o pão que compro na padaria do bairro, daquelas padarias à antiga, dura para uma semana de pequenos almoços.
A minha casa continua igual a ela própria. Uns dias melhores que outros. Mas no bom caminho. E, apesar de tudo, gosto de olhar para ela e dizer "ainda tenho tanto para fazer" para logo de seguida pensar "Estás no bom caminho! Estás mesmo no caminho certo!".
Não li todos os livros que queria ler, nem testei todas as receitas que queria testar. Depois de iniciar as corridas tive de parar. Agora que vamos poder retomar, penso voltar. Nalguns dos "passeios higiénicos" que fiz tirei fotografias, aproveitei para olhar para as coisas com outros olhos e decidi que quero imprimir esses registos.
Durante estes 60 dias houve tanta coisa que eu não fiz! Mas houve tantas outras em que avancei! E no final do dia... não é isso mesmo que importa?