Contei aqui que as coisas andavam um bocadinho complicadas por estes lados. E como assumir um problema é meio caminho para a cura... Parei. Investi 1h30 do meu tempo a deitar tudo cá para fora, que é como quem diz para uma folha de papel, e esquematizei uma solução. Como fiz em Setembro mas desta vez de uma forma mais simples.
Não tinha tempo. Como nunca ninguém tem. A questão é que se eu somasse todos os minutos em que me perdia em pensamentos do que tinha para fazer, certamente consumia muito mais tempo do que a 1h30 que investi e acabava por não ter nada feito na mesma.
Às vezes é disso mesmo que precisamos. Parar. Às vezes não, praticamente sempre. E se formos a ver... até os carrocéis param entre cada viagem.
Por isso, depois de parar, pensar e esquematizar, estas foram algumas das coisas que consegui fazer nas últimas duas semanas:
almoços com amigas
preparação de refeições para a semana
menu para um mês e repsetivas compras de supermercado
tarefas domésticas
reguei os canteiros e os vasos
ouvi alguns podcasts
deitei-me a horas decentes e acordei bem disposta
até fui À festa (nesse dia claro que não me deitei a horas decentes... mas acordei muito bem disposta!)
comecei a incluir a roupa de Primavera... comecei porque como se vê... o tempo não anda certo...
Também já tenho os planos para os próximos dias:
vários eventos de trabalho que condicionam o dia a dia normal
verificar os aniversários deste mês (que são muitos)
fazer marcações de exames de rotina (que também são muitos...)
No Natal do ano passado comentei com umas amigas que de presentes gostava de receber experiências. Em vez de coisas, momentos que pudesse partilhar com amigos. No Natal não tive muitos desses presentes, mas no meu aniversário sim! E este foi um deles!
Recebi um bilhete para a festa de que tanto se falou esta semana. Uma viagem aos anos 90! Parece uma coisa saudosista, e se calhar até é, mas não faz mal! E não faz mal porque eu me diverti tanto, mas tanto... foi mesmo muito bom!
Primeiro toda a preparação. Era suposto irmos vestidos "à época". Deu para perceber que o que se vestia nos anos 90 é muito parecido com o que se veste hoje. Eu pelo menos. Bem, os sapatos vela já não fazem parte do meu dia a dia... embora tenha de admitir que depois de uma noite inteira a dançar e aos saltos com eles... depois da estranheza inicial, dei por mim a pensar se não os devia voltar a calçar ao fim de semana.
Depois de pensar no que vestir lembrei-me de ir ver umas fotos da altura. Tesourinhos! As diferenças são notórias. Uns quilos a mais (muitos), cabelo mais comprido, mas muito melhor hoje do que naquele tempo!
E depois pensamos como vamos aguentar até de madrugada depois de um dia de trabalho. Olhamos para o programa e pensamos "bem, lá para as 4h30 - hora Coca Cola Light - venho embora". Pensava isso... até chegarem as 4h30! É que chegámos à festa e quando começou a música a puxar pelo esqueleto... aquilo é que foi dançar! Eu dancei, eu cantei, eu saltei, eu ri-me, eu joguei matraquilhos! Eu diverti-me como não me divertia há muito tempo! E pronto... lá chegaram as 4h30... mas não chegou a vontade de ir para casa!
As músicas que não ouvia há séculos, algumas delas eu já nem me lembrava, e as músicas ao som das quais fui tão feliz! Houve até alguns momentos em que parecia que estava a viajar no tempo. Umas amigas perguntaram-me que músicas passaram... e eu nem conseguia dizer todas. Passou tudo! Tudo!
Antes de sair de casa lembrei-me daquelas situações em que se diz "se eu tivesse 20 anos e soubesse o que sei hoje...". Não sou muito de usar essa expressão mas... o que é certo é que na 3ª feira eu tive novamente 20 anos e a saber tudo o que sei hoje! Foi mesmo muito bom!
Esta imagem tem muito pouco a ver como que vou contar de seguida. Mas representa coisas bonitas que não quereria deixar para trás. Por isso é adequada.
Tenho por hábito olhar para trás sempre que saio do metro, do autocarro, de um táxi, de um café ou restaurante, de um sítio público em geral. E porquê? Porque esse pequeno hábito faz com que eu não perca coisas. Não me esqueço da marmita no autocarro, não perco o passe se ele me tiver caído do bolso, não deixo um livro na mesa do café, ou os óculos de sol, etc. É um hábito.
O que acontece é que, mesmo com hábitos que estão mais do que enraizados, quando andamos com a cabeça noutro sítio, ou a alta velocidade, esses gestos mecânicos podem acontecer, ou não. E o não, foi o que me aconteceu a mim...
No dia depois de fazer anos apanhei um comboio para casa. Cheguei à estação e estava à espera que me fossem buscar. Como estava a chover abriguei-me dentro da estação e junto da bilheteira. Mala, saco, carteira, telefone. Metade no chão, carteira na prateleira da bilheteira. Chegou a minha boleia, fui para casa. Mal chego a casa pergunto "viste a minha carteira?" E quando digo carteira, é a mala. Aquele objeto onde colocamos tudo e mais um par de botas. Incluindo a carteira onde temos o dinheiro e todos os documentos, a agenda, as canetas, o mini estojo de make up, o tefefone, tudinho!
Nada em casa, nada no carro.
Lá vamos nós a caminho da estação novamente.
E nesses longos minutos começamos a pensar em tudo e mais alguma coisa que temos dentro dessa carteira... e o nervoso miudinho começa a passar à frente do nosso optimismo. Começamos a ver aquele baton que nos ofereceram e que apenas usámos uma vez, as nossas canetas favoritas e os documentos... a trabalheira dos documentos!!!!
E como se isso ainda não fosse suficiente... lembramo-nos de uma parte d' O livro do Likke, mais um sobre felicidade, de uma experiência que fizeram em que deixaram 12 carteiras perdidas em várias cidades europeias. As carteiras tinham identificação do dono com contactos nome, etc. A ideia era ver quantas eram devolvidas ao dono. E sabem quantas foram devolvidas em Lisboa!? Uma! Umazinha! E eu que tinha deixado a minha carteira/mala em cima de uma prateleira numa estação de comboios!!!
"Vai estar lá! Vai estar lá! Vai estar lá!"
E estava! Quando cheguei à bilheteira o senhor olha para mim, ri-se e pergunta "de onde é que eu a conheço?". Percebi logo que estava a salvo! E que a minha tinha sido aquela do livro, aquela que foi entregue ao dono! Claro que depois a senhora que me entregou a dita cuja me perguntou como é que eu tinha deixado a minha "vida" para trás. É o que acontece quando temos a cabeça no ar... e não olhamos para trás para ver o que lá ficou!