Janelas, estantes e livros
Padeço de um mal comum a muita gente, mas que poucos admitem: gosto de ver as casas das outras pessoas através das suas janelas e imaginar quem lá vive, o que fazem, os seus gostos e rotinas. Mas calma! Não pensem que me ponho a espreitar descaradamente, não! Passo e vejo as janelas. Normalmente o que vejo até são os candeeiros, quadros, espelhos de parede e estantes… E foi por causa das estantes que começou esta conversa!
Sempre que vejo casas com estantes de alto a baixo, de linhas direitas e com um ar arejado, cheias de livros bem ordenados e com ar de biblioteca, livros e objetos com significado… sempre que vejo isso, imagino a biblioteca que sempre quis de ter.
Tenho como sonho ter uma parede forrada com umas prateleiras como essas. Prateleiras onde coabitam livros e memórias. Prateleiras onde estão os livros que todas as bibliotecas devem ter: uns quantos clássicos, alguns dos que lemos quando éramos crianças, os que lemos em determinada altura da nossa vida e que por algum motivo nos marcaram. Os nossos livros.
Há uns tempos para cá comecei a fazer aquilo que pensava ser impensável: comecei a dar alguns dos meus livros. O primeiro li-o nas férias e enviei-o a uma amiga. Depois de o ter feito pareceu-me mais fácil esta coisa de me desapegar dos livros. Mas não de todos. Há aqueles que estão sempre à espera das prateleiras de alto a baixo e com ar arejado.
E conto-vos tudo isto porque dentro em breve vou dar mais uma volta à minha estante e separar os livros que não me dizem assim tanto. Irei fazê-lo novamente para que possam fazer outras pessoas felizes. A Boutique da Cultura abriu em Carnide, em Fevereiro, é uma livraria solidária e dentro em breve o destino de alguns dos meus livros.