Inspiração é uma coisa
Na conferência a que assisti a semana passada, a determinada altura, uma senhora revelou que numa anterior experiência profissional tinha sido Professora. Contou que, quando os seus alunos faziam queixinhas de que um colega estava a copiar, lhes dizia que não era copiar, esse colega estava a inspirar-se. Depois completou o pensamento com “é que por vezes nós até sabemos qual é a resposta, mas precisamos daquela segurançazinha de que mais alguém pensa como nós”.
Depois de contar isto, disse-nos que durante o tempo em que foi Professora tinha sempre na sala de aula duas imagens: As Meninas de Vélazquez e As Meninas de Picasso. E tinha sempre essas duas imagens para demostrar que ambos os quadros tinham o mesmo nome, tinham inclusivamente semelhanças, mas não eram a mesma coisa. Um não era cópia do outro.
Na minha cabeça visualizei o quadro do Vélazquez e um outro do Picasso, que erradamente pensava ser aquele ao qual se estava a referir. É que podia um ter sido a inspiração do outro… mas realmente não tinham muito a ver. Ontem, quando fui pesquisar para escrever este texto, vi os dois quadros. E aí fez muito mais sentido!
Efetivamente há o quadro do Vélazquez, com as suas características particulares, e há o quadro do Picasso onde podemos encontrar os mesmos elementos, mas que nada têm que ver um com o outro. Efetivamente, o Picasso olhou para o lado e poderá até ter ganho alguma confiança, ou segurança, mas não copiou. Inspirou-se no trabalho de outro grande artista e interpretou-o à sua maneira.
A inspiração é uma coisa boa. Inspirar alguém no seu trabalho é um dos maiores reconhecimentos que se pode ter. Inspiração é uma coisa, outra coisa é outra coisa!