MISSÃO DESTRALHAR
De há uns tempos a esta parte comecei a olhar para as minhas coisas com outros olhos. Muitas delas parecem-me supérfluas. Muitas delas ocupam espaço ao qual já não têm direito e por isso, e porque perderam o seu papel na minha vida, transformam-se em tralha.
Durante uns tempos pensei que falar sobre isso (a minha tralha) num local público, como um blog, podia ser motivo para ter vergonha. Sobretudo quando na blogosfera encontramos tantas casas tão arrumadinhas e limpinhas, sem uma pinguinha de tralha dentro das suas paredes. Mas depois de falar com uma amiga, chegámos à conclusão que é verdade que há casas miraculosamente arrumadas e sem a tal pinga de tralha, mas também há quem tenha acumulado tralha a cada vez que muda de casa, que tenha guardado presentes que nunca gostou mas foram oferecidos por familiares e amigos, que tenha acumulado tralha simplesmente porque tralha atrai tralha e um monte de papel facilmente se transforma em montanhas de papel.
Na minha casa havia um quarto que era como que a garagem de muita gente (quem tem garagem ou arrecadação deve entender o que eu estou a dizer). Era aquele local onde hoje deixamos os sapatos de Inverno, amanhã a passadeira onde iríamos um dia correr kms, as revistas que já lemos e nunca mais deitámos na reciclagem, entre muitos outros exemplos. No meu quarto havia artigos para ler, caixas da última mudança de casa, pedaços do meu passado, revistas, etc.
Havia. Havia porque, depois de uma cruzada quase tão longa como a descoberta do caminho marítimo para a Índia, atualmente já não há. Ou melhor, há mas pouco. O quarto está finalmente, e novamente, habitável e já teve a sua primeira visita!
Depois de falar com essa minha amiga, chegámos à conclusão que embora para uns seja uma vergonha mostrar aqui o "antes e depois" do meu quarto, para outros pode ser uma inspiração ou aquela motivação extra que precisavam para atacar o seu próprio "quarto das visitas".
Amanhã, vou aqui deixar o relato do Dia 1 desta minha Missão Destralhar.
Hoje, e apenas para terminar, deixo o comentário de uma outra amiga que num momento de desalento me perguntou "Sabes como se come um elefante? Uma dentada de cada vez!". E acreditem que muitas vezes me lembrei desse "mantra".
O mais importante é pensar no que queremos, no nosso objetivo final e quando é que o queremos alcançar.
Até amanhã!
