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Edição Limitada

“Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito”. Clarice Lispector

Edição Limitada

“Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito”. Clarice Lispector

ANTES QUE COMECE A CHOVER

Vou sair de casa e aproveitar o dia!

Adoro dias livres em que posso passear sem destino marcado e sem relógio no pulso. É nesses dias que me sinto mais viva e que descubro a cidade onde vivo ou os locais por onde passo. Dias de liberdade!

 

Saí de casa para ir conhecer uma ervanária onde se pode encontrar ervas e chás para tudo. Onde quem nos atende é quase uma enciclopédia em formato de herbário, em formato de homem. “Para os nervos? Temos!”, “Para a dieta? Também temos!”, “Tensão arterial? Temos!”. Há literalmente de tudo como na farmácia!

 

Dirigi-me ao Chiado passando pel’A Outra Face da Lua para ver as “novidades”. No Chiado resolvi apanhar o eléctrico. Afinal de que serve ser livre se não podemos fazer escolhas? Começou a chover, tal como indicava a cor do céu. Largo da Graça!

 

Largo da Graça…Vila Berta! Há muito que queria visitá-la. A cor do céu não ajuda a enaltecer as cores desta Vila Operária. Calma e florida. “Aqui o jardim já floriu”. Agora já posso voltar a casa, basta apanhar o autocarro que me deixa à porta. Enquanto espero, surge um outro destino. Quando vim viver para Lisboa, divertia-me a apanhar autocarros que não sabia para onde iam nem por onde passavam. Repito por vezes esta diversão. O 30 leva-me para Picoas, certamente passará perto de um jardim que quero visitar. Bingo! Já passei por estas ruas numa outra tarde sem destino.

Campo Mártires da Pátria! Numa placa lê-se algo como “a beleza deste jardim depende de si”. A banda sonora depende dos galos. Nos vários espaços do jardim, um jardim no centro da cidade, há galos a cantar.

Passo pela estátua do Dr. Sousa Martins e passo os olhos pelas pequenas e muitas placas de mármore aos pés da mesma. Alguém sabe que terá feito, ou fará, este médico a quem tanta gente agradece?

 

E chego ao jardim! Que “segredo” bem guardado. Pequeno, com uma grande vista e espreguiçadeiras. Já imagino alguns finais de tarde na companhia de, pelo menos, um livro. Paro para apreciar a vista e descansar e recomeço a descoberta. Segue-se o Elevador do Lavra. Já subi a sua ladeira há muitos anos mas agora não encontro a entrada. Após umas quantas provas de nos países do Magreb serei sempre bem-vinda, encontro o que procurava.

 

 

Numa placa está a seguinte informação: “O ascensor mais antigo de Lisboa foi inaugurado em 19 de Abril de 1884 trabalhando nesse dia durante 16h seguidas e transportando gratuitamente mais de 3 mil passageiros. Funcionava pelo sistema de cremalheira e por contrapeso de água, passando a ser movido a electricidade em Dezembro de 1915.” Sento-me no banco corrido do elevador gémeo do elevador da Glória, mas muito mais solitário. Nesta viagem iremos apenas eu e a condutora. Uma viagem que dura poucos minutos. Arrisco 2, 2 minutos. Como saberá a senhora que deve voltar a descer, que chegou a hora da viagem? Sempre tive esta dúvida, mesmo num outro elevador, velhinho, cujo 100º aniversário teve direito a festa, muitas viagens e fogo-de-artifício. Acendem as luzes! É este o sinal.

 

De volta ao centro da cidade, há bifinhos au champion num dos restaurantes da Avenida. Praça da Alegria, Rua da Alegria, Príncipe Real. O tempo continua pouco simpático. Mais tarde a viagem recomeça. Camões, Chiado, Baixa, Alfama, Castelo. Mesa de esplanada em bairro típico, cervejas e tremoços, boa conversa que viaja da música à adolescência, da juventude a assuntos sérios, de cultura geral ao disparate total. E o dia chega ao fim. E valeu a pena. Sinto que hoje vivi as sete colinas, pena que tenha feito tudo isto sem a minha máquina fotográfica. Ficam as memórias e a promessa de repetir.

 

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