Este ano passou como um fósforo. Queimou muito rápido. Sinto que os dias passam a correr e que eu não consigo sair do mesmo sítio, da tal (terrível) rodinha do hamster que, se tivesse um conta-quilómetros, já teria registado SEM DÚVIDAS uma série de maratonas este ano.
Este ano foi, também sem dúvidas, melhor que o ano passado. E sim, falo no passado porque, como uma amiga me lembrava esta manhã, faltam muito poucos dias para o Natal. O que significa que o Ano também não tem muito mais tempo.
Apesar do ritmo, este ano teve muitas coisas boas! Ainda não tive oportunidade de parar para as processar, e registar todas juntinhas, para terem ainda mais volume, mas de uma coisa tenho a certeza: sou uma pessoa cheia de “sorte”!
Hoje o Facebook recordou-me que há 10 anos “grafitei” no seu mural uma frase do Tiago Rodrigues pela qual tenho um carinho especial. Refere-se aos Pearl Jam, ou ao Eddie Vedder (não me recordo) e diz: "é como se eu fosse música e nesse dia estivesse a tocar muito baixinho". Acho-a linda!
Nesse dia usei-a para ilustrar uma música do Eddie Vedder. Ia enviá-la a um amigo e lembrei-me que a escrevi aqui no blog. Pesquisei e redescobri algo que escrevi em 2018. Nesse dia partilhei uma outra música dos Pearl Jam, provavelmente a minha favorita.
Curioso como uma coisa escrita em 2018 fez tanto sentido hoje.
E o mais curioso é que hoje tive vontade de aqui escrever. Ia escrever sobre uma série de coisas. Comecei pelo título, coisa que muito raramente faço. Escolhi-o porque ia partilhar um conjunto de ideias que me ocorreram na hora do almoço quando pensei: vou escrever um post! E umas coisas levaram a outras, uma ideia a outra, uma música, um livro, uma newsletter. Como as conversas. E como as cerejas. E afinal o título estava ainda mais certo. Hoje ficamos por aqui. Não é o tempo das cerejas.
Vi ontem um vídeo que partia da pergunta “Às vezes sente-se como se não fosse um nadador de verdade?” e a resposta imediata foi “Por vezes sinto.”. De seguida apresentava um conjunto de estatísticas que me iam colocando num grupo super restrito de pessoas. Deixo apenas a última que diz que se eu consigo nadar mais de 1500m isso coloca-me no grupo de 2,3% da humanidade. No final do vídeo a pergunta é: “fazer parte de um grupo de 3% da humanidade faz-te sentir especial?”.
Partilhei o vídeo com algumas pessoas que praticam natação como eu e uma delas perguntou se me fazia sentir especial. Daí surgiu a ideia deste post.
O que é que nos faz sentir “especiais”? Do que precisamos para sentir que estamos num grupo restrito de pessoas que as torna “especiais”? Na verdade… o que é ser “especial”?
Há uns tempos ouvi a Mel Robbins apresentar uma definição de atleta que me deixou mais reconfortada quanto às minhas dificuldades ao nível da prática do exercício físico. Era qualquer coisa como “atleta é alguém que pratica uma determinada modalidade desportiva de forma regular”. Sim, correr uma vez por ano todos os anos é uma forma de regularidade, mas percebem o que ela quer dizer. Para a pessoa ser atleta não precisa de seguir aquele padrão de atleta de alta competição que temos como referência. Aquele que pratica ténis de mesa 2x por semana todas as semanas, é atleta, aquele que se levanta de manhã cedo e vai correr todas as semanas, é atleta. Percebemos a ideia, certo?
E ser “especial”? Será que ser “especial” é fazer coisas fora de série? É ter coisas que poucos conseguem ter? É ter características físicas que nos tornam diferentes?
É verdade que há dias, até semanas, em que não me sinto atleta, quanto mais especial. Há dias em que até nadar é mais um esforço com resultados quase invisíveis. A pessoa bate pernas, dá aos braços e parece que não sai do mesmo lugar. E nesses dias… caracas! Nem atleta e muito menos especial! Depois também há os dias em que a mochila que guarda o equipamento que vais precisar para o treino parece um atrelado cheio de pedregulhos. Como foi hoje o caso… ela não tem culpa mas…
Até que vemos um vídeo como este que te diz que: se sabes nadar fazes parte de 44% da população mundial, se nadas mais que 6x por ano estás no top 15% entre os adultos (que nadam, suponho), se consegues nadar mais do que 1500m estás no grupo de 2,3% da humanidade. Não é de uma pessoa se sentir especial?! Para mim é! E por isso a minha resposta à pergunta da minha amiga foi: “depois de saber isto… um bocadinho. Sobretudo de pensar que aquilo que para mim é básico, ou pouco, para muitos é uma coisa extraordinária”.
Como tudo na vida, é sempre uma questão de perspetiva. E hoje eu opto por me sentir especial! Aliás, especial e privilegiada! Porque eu tenho esta possibilidade, e isso é um privilégio!
E para terminar deixo esta pérola, ou mantra, com o alto patrocínio da Dori, que eu adoro e revejo muitas vezes! 😊
Escrevi o texto que se segue a pedido de uma amiga que decidiu mergulhar! Decidiu deixar de guardar só para si, e para aqueles que eram mesmo muito próximos, um talento que tinha escondido. Decidiu arriscar, soltar amarras, deixar-se ir e dar-se a conhecer. Arriscou sair de pé e mostrar a toda a gente a sua arte. E hoje partilho-a convosco para que também a possam ver: https://eduardatavares.com/
Mergulhar, ir mais fundo, explorar e descobrir.
Soltar amarras, deixar-se ir, permitir-se conhecer.
Todos temos um lugar onde escondemos aquilo que nos é mais precioso. Um lugar só nosso, onde apenas entram aqueles frente aos quais nos permitimos ser. É nesse lugar, nesse cantinho onde guardamos o nosso lado mais sombrio, que também guardamos a nossa magia, o nosso brilho e o nosso encanto. Tudo aquilo que faz de nós o que somos, e tantas vezes temos receio de mostrar aos outros. De mostrar ao Mundo.
Até que há um dia em que uma fresta, uma porta entreaberta ou uma lufada de ar fresco nos faz respirar fundo e perder o pé. E é nesse momento, nesse instante tão breve, que nos permitimos ir mais fundo. E mais longe. É nessa altura que nos permitimos mergulhar, ir mais fundo e descobrir. Que nos permitimos deixar-nos ir e conhecer-nos melhor. Que permitimos que os outros, e o Mundo, nos conheçam.
E quanta Beleza podemos criar quando a isso nos permitimos.
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